sábado, 18 de dezembro de 2010
Quixico - Secagem do café
Para quem viveu na "provincia" certamente que se lembra como se secava o milho, nas eiras, nas estradas... em todos os lugares onde era possível apanhar um pouco de sol...
Pois a secagem do Café no Quixico era em tudo semelhante. A fazenda tinha um espaço enorme, circundado pela casa do fazendeiro, os armazéns de café, uma plantação de ananases e depois as instalações da "tropa". Quando chegava a altura de secar o café, todo esse espaço era utilizado para esse efeito. Eram toneladas de café a secar ao sol. Depois "os contratados" "mexendo-o" para que pudesse ficar bem seco. Apreciar estas tarefas era uma forma agradável e diferente de passar o tempo...
E as caçadas sempre presentes...
Algumas cenas de que me lembro... Um dia quando vinhamos do Loge para a Musserra, exactamente na ponte sobre o rio Sembo (Sim a ponte onde um dia o 2º Grupo quase ia agarrando à mão uns guerrilheiros armados que não se aperceberam da aproximação da coluna...) um elefante de porte magestático banhava-se nas águas do rio. O saudoso 1º Cabo Massena, correu para mim dizendo, "meu alferes" tenho aqui a bazuca. A esta distância não falho. Recusei. Ficamos uns momentos a apreciar o magestoso animal, que acabou por se aperceber da nossa presença, afastando-se para o interior da mata.
Igual sorte, não teve um outro elefante, mais jovem, que se aproximou demasiado das lavras dos habitantes da Musserra e foi abatido pelo responsável administartivo do "posto". Embora possua fotografias diversas, abstenho-me de as publicar em consideração por tão nobre animal.
Feliz Natal
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Confraternizando...
CUCA OU NOCAL?
Cerveja, a nossa amiga sempre presente...nestes casos talvez "misturada por um pouco de cacimbo" das imensas noites dormidas ao relento e com o céu estrelado como tecto...Mas como jovens de "boa cepa" que eramos, se excluirmos a ressaca na manhã do dia seguinte, tudo o resto ficava operacional... e logo estavamos prontos para outra...
Havia um ou outro camarada que dava um pouco mais de trabalho a "aturar" nestas situações. Como alguns de vós se lembrarão, quando da ida, no Vera Cruz, comprei um gira-discos portátil ao preço da chuva com o qual, depois, animavamos as nossas festinhas. O Furriel Almeida não conseguia resistir ao "Melancholy Man" dos Moody Blues... e ficava completamente inconsolável...nem com a ajuda da lembrança daquela mocinha branca, da qual me esqueci o nome, que vivia na Fazenda do Loge, conseguiamos fazê-lo.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Mais uma operação
São os preparativos para mais uma operação realizada na zona dos Dembos, neste caso com apoio aéreo, o que era muito pouco frequente....
Como sempre cem por cento preparados.... reparem no nosso amigo Fernandes com "dilagrama e tudo"...é o que se deve chamar de "guerreiro nato".... Não quero com isto dizer que o dilagrama fosse a "arma" mais adequada para reacção a uma qualquer emboscada... certamente que não o seria... mas que dava um "aparato" mais bélico, não tenho dúvida... principalmente se tudo isso fosse acompanhado com uma "boina" à "Comando"...
Que saudades Fernandes...
Já de agora sabem porque razão é que os lugares por cima dos pneus "sobresselentes" eram os mais cobiçados (isto também acontecia nas Berliet...)? É que no caso de apanharmos com uma mina "anti-carro" isso amortecia substancialmente o impacto e as consequências associadas...
Beldades Nativas
Com bastante frequência, encontravamos durante as operações realizadas no Sul de Angola, mais propriamente na Zona de Chiede, Namacunde e Santa Cruz, nativas Angolanas extremamente sociáveis, que faziam questão de se deixar fotografar, exactamente como andavam o que por via de regra significava, com a parte superior do corpo destapado. Utilizavam também uma espécie de tinta, vermelha ou esbranquiçada, com que se pintavam.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Recordando Lamego
Quando da minha permanência em Lamego, mais propriamente em Penude, no famoso quartel onde se formavam os Oficiais e Sargentos de Operações Especiais/Rangers, e onde passei três meses como formando e outros tantos como formador, guardo especial recordação de excelentes militares que ajudaram a minha formação como militar e como homem. Recordo especialmente o major Ranger RINO, os capitães Comando REIS MOURA e BATISTA da SILVA, o tenente Ranger PIZARRO (ao qual agradeço a farda nº1 que emprestou para tirar esta foto) o Alferes Ranger PEIXINHO e o Sargento Comando ISAÍAS PIRES.
Em Mafra tive a honra de conhecer o então Alferes Comando RIBEIRO DA FONSECA (que me ensinou a dar "a cambolhota à frentes" disparando sempre e que normalmente, neste movimento, em cinco/seis tiros acertava metade no alvo). Excelente militar veio, já capitão, a ser galardoado com a medalha de TORRE E ESPADA. Mas como na guerra os heróis tambem morrem, veio a falecer em combate na Guiné. Que descanse em paz. Para todos os outros longa vida com saúde.
Micula
Uns tempos atrás referi uma Operação em que fomos helitransportados para uma operação realizada numas matas a Norte de Quipedro, numa região aque chamavamos de "Micula". Nessa operação foram atacadas e destruídas várias "povoações" controladas pelos guerrilheiros. Prometi publicar fotografias de população libertada. Aqui ficam algumas delas e pelo aspecto podemos verificar o tipo de vida que levavam.
Numa outra fotografia está o Teixeira um dos mais famosos Guias da tropa portuguesa no Norte de Angola.
Berliet
Quase sempre, todas as nossas colunas eram "encabeçadas" por uma BERLIET. Era uma óptima viatura que raramente avariava. Era nela que por via de regra eu ia, embora contrariando as regras que aconselhavam que o comandante da coluna seguisse sempre na terceira viatura. A Berliet estava equipada com uma "breda" colocada num tripé com uma espécie de escudo que protegia o atirador. O seu pesado porte era uma protecção contra as minas que de quando em vez se encontravamos nas picadas. O seguir na primeira viatura tinha uma vantagem enorme... é que raramente apanhavamos pó. O pessoal das restantes viaturas não tinha essa sorte. A necessidade das viaturas seguirem sempre com ligação à vista e nunca a mais de 50 metros umas das outras,provocava o levantamento de uma densa nuvem de pó fazendo com que, no final, estivessemos completamente cobertos do mesmo e só os olhos se vissem e isto porque utilizavamos óculos de protecção.
Era também a viatura mais exposta a ataques. Quando isso acontecia ficava no estado que se pode ver em duas das fotografias que anexo. A nossa sorte era que, normalmente os primeiros tiros eram pouco certeiros e possibilitavam o abandono das viaturas, a nossa protecção e depois a pronta reacção que por norma nos trazia sempre vantagem. Obviamente que os "buraquinhos" que se podem ver nas partes laterais e no pára-brisas, não eram propriamente para arejar...
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