sábado, 20 de junho de 2009

Caxito, Zala, Nambuangongo, Canacassala, Quipedro, Lué, Quixico (plantação de café) Numbuangongo (outra perspectiva)....




Novas fotografias obtidas "por via" da C. Caç. 3387 que nos anteceu em todos os lugares por onde passamos.
De realçar as vistas parcelares das localidades e dos aquartelamentos tão do nosso conhecimento (Caxito, Zala, Nambuangongo, Canacassala e a famosa Via-Láctea (o que por lá sofremos.. quem poderá esquecer aquela operação em que tivemos um "camarada" que perdeu a perna ao pisar uma mina anti-pessoal?), Quipedro, Lué e por fim os cafeeiros no Quixico).

No caso do Quixico podemos apreciar os cafeeiros em flor... lindíssimos.

São paisagens que nenhum de nós jamais esquecerá.
Um episódio triste que vivi em Zala. Estando em Nambuangongo com o meu Grupo de Combate numa daquelas acções de formação ordenadas pelo Comando da área Militar nº 1 (AM 1), fui escalado para garantir a protecção ao MVL no percurso Nambuangongo - Zala.
Estava a organizar a coluna quando fui abordado por dois furrieis, um do B. Caç. 3869 e um outro penso que do Grupo de artilharia (?) ou Comunicação (?) sedeado naquele quartel. Pretendiam integrar-se na coluna com o intuito de irem conhecer a mítica Zala. Um pouco contrafeito lá acedi ao pedido e mandei que ocupassem os seus lugares na parte traseira de um unimog dos pequenos (burros do mato). A viagem até Zala decorreu sem qualquer problema, embora a tivessemos feito com enormes precauções, já que se tratava de uma das mais perigosas picadas de Angola. Lembro-me do "bico do pato" zona da picada extremamente perigosa, em que, uma metralhadora estratégicamente colocada de frente, conseguia apanhar todo a coluna.
Lembro-me do acesso ao quartel em que tinhamos de subir uma picada muito íngreme que circundava várias vezes a colina onde se situava o quartel.
Já em Zala, fui abordado pelo capitão que me pediu para trazer de regresso uma Berliet que alí se encontrava desde o MVL anterior e que tinha avariado. Depois de concertada estava pronta para fazer o regresso. Destaquei dois militares para assegurarem a protecção à viatura e lá iniciamos o percurso de regresso a Nambu. Acontece que durante a descida da picada, ainda em Zala, a dita Berliet conduzida por um militar de cor, perdeu os travões (segundo me informaram depois, o condutor não terá dado "pressão" suficiente aos travões, o que fez com que não funcionassem durante a descida). A dita viatura foi embater violentamente no unimog que seguia à frente e onde seguiam os dois furrieis que refiro inicialmente. Todos os militares que iam na parte de trás do unimog foram cuspidos. Infelizmente o furriel do Grupo de Artilharia (?) não se conseguiu desviar dos rodados da Berliet que lhe passaram por cima do peito. Pedimos imediatamente a evacuação através de helicóptero e, apesar de ser assistido também pelo pessoal de Zala, faleceu no local. Foi transportado para Nambuangongo já cadáver.
Este furriel, que tinha sido incorporado directamente em Angola, acabava a comissão na semana seguinte e morreu porque quis conhecer Zala. Ainda me lembro da sua esposa se deslocar de avião a Nambuangongo, para para acompanhar o seu corpo de regresso a Luanda.
Foram episódios como estes que deram corpo aquele ditado que nós muito usámos durante a guerra. "Voluntário só para o Rancho"...
Um abraço a todos quantos, durante os doze anos de guerra, passaram por estes locais.

Chiede (Quimbo) - Zala -Beira Baixa - Zala - Nambuangongo - Lué - Quixico

















Estas fotografias foram-me amavelmente cedidas por um camarada da Companhia que nos terá substituido no Quixico, quando da nossa transferência para o Sul de Angola.
Agradeço a esse nosso "Ex-camarada" a cedência das fotografias, que penso que não se importará que as inclua no nosso blog. Incluo também fotografias obtidas através da Companhia que nos antecedeu no Quixico. Como "irmãos de armas" penso ser salutar esta troca de informações sobre situações vividas por outros, mas em tudo semelhantes às que nós vivemos em Angola.
Gostaria de deixar aqui um desafio a todos os que como nós viveram a guerra colonial... é importante recordarmos o passado, mas é muito mais importante tentarmos ajudar outros camaradas nossos que não terão tido a nossa sorte e que, porventura, estarão a passar dificuldades por terem problemas de saúde ou outros, directa ou indirectamente relacionados com a sua passagem pela guerra do ultramar. É importante que esses factos sejam relatados e que situações de injustiça sejam dadas a aconhecer ao máximo de pessoas. Desta forma, poderemos tentar influenciar quem tem o poder de decidir em matérias que podem melhorar a sua qualidade de vida. Devemos no entanto realçar que nenhum de nós quer favores, queremos somente que seja feita justiça e que nos seja facultado aquilo a que temos ou deveríamos ter direito.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fase da barba e ou bigode...


Raro foi o militar que durante a sua presença no ultramar não passou por aquela fase em que deixava crescer a barba ou o bigode. O cabelo nem sempre, porque havia sempre um ou outro oficial que não gostava da ideia... também passei por isso e até que nem ficava muito mal...

Dormir em operações


Era assim que dormiamos durante as operações: Pano de tenda por baixo a servir de colchão e o poncho ou cartucheiras a servir de travesseira. As calças introduzidas nas botas para evitar a "bicharada" e assim se passavam as noites. Por cima as copas das árvores ou o céu estrelado. Obviamente a G3 sempre ao lado, não fosse o "diabo" tecê-las...

Como se vê por esta fotografia havia sempre alguém mais precavido que levava a almofada...
Lembro-me de uma operação que fizemos junto do rio M'bridge. Ao cair da noite e vendo um espaço extremamente limpo quase feito de propósito para acampar, decidi mesmo pernoitar aí. No dia seguinte acordei com as partes "fracas" infestadas de carraças. Passei quase uma hora a libertar-me delas e vários dias a pensar na respectiva "febre" que esperava que aparecesse.

Tratava-se do lugar, como o "guia" depois esclareceu, muito provavelmente utilizado por elefantes para descansar... mas se servia para os elefantes, porque razão não haveria de servir para nós?
E havia tambem as "matacanhas" que se introduziam nos pés criando "bolsas" onde se reproduziam e que tinham de ser retiradas sem rebentar... felizmente só me aconteceu uma vez e também felizmente, os militares angolanos que a partir de determinada fase da guerra passaram a ser incorporados juntamente com os camaradas da "metrópole", eram especialistas em as retirar.

Evolução "das espécies"...


Era assim quando chegavamos ao ultramar.... primeiro uns "maçaricos" imberbes (esta fotografia foi tirada praticamente na primeira semana de permanência em Angola, junto da "captação das àguas" para Ambrizete) com cantil e tudo e os cinco sentidos sempre alerta. Depois o militar experiente e um pouco inconsciente, que brincava com a guerra e o perigo...
Todos nós passamos por estas fases....

quinta-feira, 11 de junho de 2009

34º Convívio da C. Caç. 3482


E a malta jovem é sempre muito bem vinda aos nossos convívios... até porque os nossos descendentes não podem esquecer que vivemos uma guerra. Ou antes ninguém no país o deveria esquecer. E principalmente não deveriam esquecer os males que, no corpo e na alma, muitos dos que a fizeram, ainda hoje sofrem...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

34º Convívio da C. Caç. 3482


Obviamente que o Vinagreiro (e esposa) não podiam faltar.... desta vez escapaste de cantar uma vez mais um fado de Coimbra como só tu sabes (ou sabias...). Para a próxima tem mesmo de ser... é bom que comeces já a ensaiar....

34º Convívio da C. Caç. 3482





E ainda mais alguns participantes no 34º Convívio da C. Caç. 3482... Santos, Barreiros.... infelizmente quase sempre os mesmos.
Quem sabe do furriel Santos? Sei que ele tem inúmeras fotografias que ficariam muito bem no nosso "Blog". Ele que mas envie, seja porque via for e certamente que retratarão situações que todos nós teremos muito gosto em reviver. E o Almeida? o Nosso "fotógrafo profissional"? Também por certo que terá muitas mais que muito bém cá ficariam....

34º Convívio da C. Caç. 3482


Mais fotografias do Convívio em Leça da Palmeira... O Rosário e o Serra sempre jovens...e depois o Cunha, o Moura e o Fernandes sempre bem dispostos...

34º Convívio da C. Caç. 3482


Outras fotografias do Convívio da C. Caç. 3482, realizado no passado dia 6 de Junho em Leça da Palmeira...

Para mais tarde recordar... Carlos Canito, Oliveira e a Celeste e o Pádua e esposa.

34º Convívio da C. Caç. 3482


Algumas imagens do convívio de ex-militares da C. Caç. 3482 realizado no passado dia 6 de junho em Leça da Palmeira.
Nestas primeiras fotografias podemos ver o Oliveira, o Almeida e respectivas famílias e o Fernandes.

34º Convívio da C. Caç. 3482




Promovido pela Associação de militares da C. Caç. 3482 e com o incansável patrocínio do Fernandes e do Rodrigues, alguns dos ex-militares daquela Companhia de Caçadores, voltaram a encontrar-se para a habitual sessão do convívio anual.

Desta vez o evento ocorreu no passado dia 6 de Junho, na "nortenha" Leça da Palmeira e no conhecido restaurante "Serrabulho".

Para aqueles que como eu, têm de se deslocar do Sul para percorrer os 300 Km da ordem, saímos de Lisboa pelas 10.00 H da matina. Como a viagem é longa e todos os motivos são adequados para satisfação dos nossos prazeres, fiz uma "vaquinha" com o Oliveira e lá rumamos juntos em direcção ao Norte.

Obviamente que fizemos uma paragem na Bairrada para, uma vez mais, apreciarmos o "dito" no Pedro dos Leitões. Como não podia deixar de ser, estava óptimo, o Leitão e o espumante que o acompanhou.

Como ainda havia tempo, aproveitamos para uma visita, sempre diferente, à capital do Norte. Visitamos a "Ribeira" sem esquecer a mui célebre Torre dos Clérigos.

Seriam cerca das 19.00 H quando chegamos a Leça e ao restautaurante. Tivemos algum tempo para conviver e confratenizar com alguns ex-camaradas que tal como nós chegaram um pouco antes da hora marcada para o encontro. Infelizmente, o jantar iniciou-se um pouco depois da hora aprazada para o mesmo (cerca de uma hora), o que é sempre um inconveniente para quem tem de regressar a casa e para isso tem de fazer mais 300 Km. Por outro lado, acredito que, o facto de se tratar de jantar e num dos extremos do país, tenha contribuído para algumas desistências. Uma sugestão: quando se pretender organizar um jantar em vez de um almoço, porque não organizar o convívio para um local mais central? Leiria é uma óptima alternativa e tem óptimos restaurantes.

Especificamente em relação ao jantar estava óptimo, tanto as entradas como a carne assada e para o completar da forma mais agradável, Portugal lá ganhou com aquele golo do Bruno Alves, mesmo ao findar do jogo, e que permite relançar a esperança "Lusa" de estar na África do Sul em 2010.

Agora algumas fotografias do convívio, que certamente ficarão para todos nós mais tarde recordarmos:

Começamos com uma vista geral das mesas. Apresentarei depois outras visando especificamente alguns dos participantes.
E até ao próximo em 2010....

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quixico - Pôr do Sol


Era lindo o Quixico. E extremamente bem cuidado pelo amigo Sá. Podiamos passar horas a percorrer a fazenda, que não nos cansavamos de admirar aquelas paisagens lindíssimas. E depois os contratados que iam ou vinham da apanha do Café e que animavam os dias e noites excessivamente sossegadas.
Nunca tivemos aqui qualquer episódio de guerra ...
Era sempre uma festa quando os novos grupos de contratados chegavam à fazenda. Com eles vinham sempre algumas mulheres o que, pelo menos, alegrava a vista. E havia sempre uma ou outra que gostava de confratenizar com a tropa. Não se importavam, por exemplo, de entrar por uma qualquer janela das traseiras, utilizando umas grades de cerveja estrategicamente colocadas para facilitar o acesso. Sempre dava um pouco menos nas vistas... e não deixava de ter o seu quê de excitante...