Novas fotografias obtidas "por via" da C. Caç. 3387 que nos anteceu em todos os lugares por onde passamos.
De realçar as vistas parcelares das localidades e dos aquartelamentos tão do nosso conhecimento (Caxito, Zala, Nambuangongo, Canacassala e a famosa Via-Láctea (o que por lá sofremos.. quem poderá esquecer aquela operação em que tivemos um "camarada" que perdeu a perna ao pisar uma mina anti-pessoal?), Quipedro, Lué e por fim os cafeeiros no Quixico).
No caso do Quixico podemos apreciar os cafeeiros em flor... lindíssimos.
São paisagens que nenhum de nós jamais esquecerá.
Um episódio triste que vivi em Zala. Estando em Nambuangongo com o meu Grupo de Combate numa daquelas acções de formação ordenadas pelo Comando da área Militar nº 1 (AM 1), fui escalado para garantir a protecção ao MVL no percurso Nambuangongo - Zala.
Estava a organizar a coluna quando fui abordado por dois furrieis, um do B. Caç. 3869 e um outro penso que do Grupo de artilharia (?) ou Comunicação (?) sedeado naquele quartel. Pretendiam integrar-se na coluna com o intuito de irem conhecer a mítica Zala. Um pouco contrafeito lá acedi ao pedido e mandei que ocupassem os seus lugares na parte traseira de um unimog dos pequenos (burros do mato). A viagem até Zala decorreu sem qualquer problema, embora a tivessemos feito com enormes precauções, já que se tratava de uma das mais perigosas picadas de Angola. Lembro-me do "bico do pato" zona da picada extremamente perigosa, em que, uma metralhadora estratégicamente colocada de frente, conseguia apanhar todo a coluna.
Lembro-me do acesso ao quartel em que tinhamos de subir uma picada muito íngreme que circundava várias vezes a colina onde se situava o quartel.
Já em Zala, fui abordado pelo capitão que me pediu para trazer de regresso uma Berliet que alí se encontrava desde o MVL anterior e que tinha avariado. Depois de concertada estava pronta para fazer o regresso. Destaquei dois militares para assegurarem a protecção à viatura e lá iniciamos o percurso de regresso a Nambu. Acontece que durante a descida da picada, ainda em Zala, a dita Berliet conduzida por um militar de cor, perdeu os travões (segundo me informaram depois, o condutor não terá dado "pressão" suficiente aos travões, o que fez com que não funcionassem durante a descida). A dita viatura foi embater violentamente no unimog que seguia à frente e onde seguiam os dois furrieis que refiro inicialmente. Todos os militares que iam na parte de trás do unimog foram cuspidos. Infelizmente o furriel do Grupo de Artilharia (?) não se conseguiu desviar dos rodados da Berliet que lhe passaram por cima do peito. Pedimos imediatamente a evacuação através de helicóptero e, apesar de ser assistido também pelo pessoal de Zala, faleceu no local. Foi transportado para Nambuangongo já cadáver.
Este furriel, que tinha sido incorporado directamente em Angola, acabava a comissão na semana seguinte e morreu porque quis conhecer Zala. Ainda me lembro da sua esposa se deslocar de avião a Nambuangongo, para para acompanhar o seu corpo de regresso a Luanda.
Foram episódios como estes que deram corpo aquele ditado que nós muito usámos durante a guerra. "Voluntário só para o Rancho"...
Um abraço a todos quantos, durante os doze anos de guerra, passaram por estes locais.