sábado, 23 de maio de 2009

Quixico, Lué, Chiede, Namacunde...










Regresso uma vez mais às recordações mais antigas da nossa presença em Angola apresentando fotografias panorâmicas de alguns dos lugares mais emblemáticos por onde passamos...

Começo pelo Quixico....
Podemos ver, primeiro uma vista parcial das instalações ocupadas pelos oficiais e pelos sargentos e depois a caserna ocupada pelos restantes militares. E também algumas instalações da fazenda.

De seguida podemos ver uma vista geral do Lué. Agora a 36 anos de distância até parece um lugar idílico e onde até se podiam passar umas férias de descanso, maravilhosas.... Na altura consideravamo-lo um autêntico buraco. Um aquartelamento de defesa difícil, em caso de ataque, apesar dos torreões ocupados permanentemente por soldados e equipados com a HK e a Breda. Tambem o morteiro 81 dava alguma seguranção. Felizmente nunca tiveram de ser usados em accções de defesa.
Pode tambem ver-se a ponte que o aquartelamento era suposto defender.
Deve igualmente referenciar-se o "sistema de iluminação do perímetro do quartel (primeira fotografia) e que era constituído por latas de petróleo com uma mecha, resguardadas por placas de aço, que acendiamos todas as noites. Claro que uma horas depois estavam todas apagadas, provocando uma escuridão completa que só a lua disfarçava... Foi uma inovação enorme quando uns meses mais tarde foi colacado um gerador o que permitiu o acesso à luz electrica... até lá a iluminação em todo o quartel era assegurada por "petromax's"... lá romântico era, mas faltava o mais importante.... as gentis companhias do sexo feminino que, durante quase toda a comissão (com excepção da nossa permanência no Sul...) nos faltaram...

Segue-se o Chiede com as suas tendas privisórias e quentíssimas onde passamos cerca de um ano. Lembram-se dos percevejos e dos truques que utilizavamos para os tentar evitar?
De facto só quem fez a guerra pode imaginar o que por lá se passou .... é pena que a generalidade dos políticos não tenham feito por lá uma "comissãozita"... talvez reconhecessem de forma diferente os sacrifícios de uma juventude que deu o melhor da sua vida por uma causa que, justa ou injusta, foi a causa de um povo. Recompensas, consideração, justiça? Quem as vê e as sente? Que o diga quem tem de esperar até aos 65 anos para se reformar. E todos os que precisam de apoio médico e psicológico e não o podem pagar?

Por último Namacunde... talvez onde tenhamos tido as melhores instações. Também aqui a convivência com a população era extremamente facilitada... quem se lembra daquele Alferes que proíbiu a entrada/dormida de mulheres na caserna? E da resposta que grande parte dos militares deu? Armaram tendas fora do quartel, mas nada de dispensar a companhia...
E aquele camarada que depois de uma parte de noite passada no "Kimbo" se perdeu quando regressava ao quartel? Ainda se lembram das camas feitas com as aduelas de pipos? Diga-se de passagem que o conforto não devia ser famoso....

5 comentários:

Oliveira, ex-Alf. Mil. disse...

Estas fotos não dizem nada ao comum dos mortais.
Mas elas são o reflexo de nacos das nossas VIDAS.
São, para sempre, NOSSAS.
Só NÓS, os que lá VIVEMOS temos a capacidade de as apreciar, ou mais precisamente, de as avaliar!
Ao olhá-las, parece que foi há bocadinho.
E porquê?
Porque elas estão em nós.
(muito filosófico...)

Rocha disse...

Olá, ainda bem que levaram em frente estas recordações que nos marcam até ao fim das nossas vidas. Parabéns pelo vosso trabalho. Um abraço do Rocha padeiro.

Mário disse...

Caros Ex-combatentes. Pedia autorização de incluir estas fotos Vossas (Quixico, Lué e Namacunde) no site da Comp. Caç. 3387.
As fotos ficam em nome da Comp. Caç. 3482, juntamente ás fotos da Comp. Caç. 3387 no Vosso blog.
Um abraço Mário Silva/ Ex-cabo padeiro C.C. 3387

Mário disse...

Amigo Manuel Rocha. Desejava de entrar em contacto contigo, se possivel? o meu e-mail é.
marfersilva50@gmail.com
Um abraço
Mário Silva /Ex-Cabo padeiro C.C.3387

José Abrantes disse...

Caro mário,
Podem utilizar estas fotografias no vosso site. Aliás nós tambémm estamos a utilizar as vossas... é fruto desta troca de experiências, que da memória dos portugueses não mais se há-de apagar a lembrança dos muitos dos seus melhores filhos, que deram o que tinham de melhor, infelizmente muitos deles a própria vida, numa guerra que terá sido injusta, mas que por certo foi uma consequência de um conjunto de erros a que, aliás, os "nossos" politicos já nos habituaram.